Estratégias didáticas e melhor desempenho

Ensinar é sempre uma atividade complexa. Mais que repassar conteúdos necessários à vida dos alunos, esta atividade é um processo que envolve um conjunto de coisas. Precisa ser permeada de critério, técnicas e mecanismos a fim de se tornar saberes, de fato, acessíveis e aplicáveis na vida. Muitas vezes, um desempenho escolar insuficiente da turma pode não ser responsabilidade total do aluno – que não se compromete com o conteúdo – mas também resultado da forma como o professor conduz a aula. Buscar diferentes estratégias didáticas e aperfeiçoá-las é explorar de forma eficaz de variados meios que promovam o objetivo central da educação: envolvimento e apropriação.

Sem planejamento, sem iniciativa na implementação de diversos métodos, a tendência é que o tempo em sala de aula se torne moroso, e os alunos se aproximem minimamente do que é ensinado. Além disso, nestes casos, uma consequência é a perda de concentração dos estudantes durante a exposição dos conteúdos. Que tal conferir algumas dicas de estratégias didáticas que podem ser aplicadas em suas aulas?

1. Aula expositiva? Sim, mas dialogada!

O modelo tradicional da “aula expositiva” é, sem dúvida, o mais usual. No entanto, nem sempre o mais eficaz. Não é preciso abandonar este tipo de aula, mas por que não ampliar seu alcance? Quando o aluno é exposto a um novo conhecimento, importa que ele tenha tempo para imaginar e aplicar o apreendido, bem como formular perguntas e opiniões que podem ser compartilhadas com colegas e professor. Portanto, a aula expositiva precisa contar com participação ativa dos estudantes. O conhecimento prévio deve ser considerado e tomado como ponto de partida. O docente direciona os alunos ao debate, interpretação de novos conhecimentos, bem como a coleta, organização e comparação de dados rumo a um raciocínio crítico. O resultado é a produção de novos saberes e a superação da passividade e imobilidade intelectual do aluno. Lembre-se: ouvir o aluno é essencial!

2. Resolução de problemas e estudos de caso

Ensinar fórmulas ou conceitos abstratos/complexos sem contextualização ou demonstração de formas de aplicação não é algo produtivo em sala de aula. O aluno precisa desenvolver relações com os conhecimentos que recebe. Demonstrar como o que se ensina é útil para o cotidiano, estimula o aluno a internalizar e valorizar o conteúdo recebido. Proponha problemas, a partir de conceitos e dados fornecidos, que exigirão dos estudantes pensamento reflexivo, visão crítica e criatividade para resolução. Os ajude a construir argumentos e valer-se do saber científico ao analisar a questão proposta. Perguntas que exigem mais que um simples “sim” ou “não” são sempre pertinentes. Afinal, o aprendizado não deve ser maniqueísta. Outro recurso interessante, neste caso, é a apresentação de situações reais que necessitem de investigação e desafiem os alunos a encontrar soluções. Podem, inclusive, envolver o ambiente rotineiro do aluno.

3. Tempestade de ideias e mapas conceituais

Duas formas interessantes de organizar conteúdos e torná-los acessíveis é incentivar o brainstorm (tempestade de ideias) e produzir mapas conceituais. No início de cada aula, lance dois tópicos que se relacionam ao conteúdo que será abordado e deixe que os alunos falem – em frases curtas – todas as ideias que lhes vem à mente. Esta é uma estratégia que fomenta o surgimento de questões de forma espontânea, imaginativa. Tudo que for levantado deve ser considerado, inicialmente. É um exercício que faz emergir o que o aluno já sabe, associações impensadas que ele produz, bem como suposições que tem sobre os temas.  Há mobilização da imaginação e de suas habilidades de classificação. 

Depois, estas ideias podem ser organizadas, selecionadas e discutidas dentro do que, de fato, é preciso aprender. Esta etapa abre portas para a criação de mapas conceituais, que consistem na elaboração de diagramas que indicam a relação dos conceitos a serem abordados dentro de relações hierárquicas ou rizomáticas. Os estudantes podem ser incentivados a fazer isto sozinhos ou em grupo, estabelecendo relações entre conceitos/ideias por meio de linhas, tabelas, quadros hierárquicos, de forma horizontal, vertical e em cadeia. Estas didáticas promovem memorização inteligente e associações criativas.

4. Ampliação da “linguagem” da aula

Aprender a “língua” dos alunos é importante. Isto não significa encher seu discurso de gírias ou comentários inconvenientes, mas internalizar a forma como seus estudantes se comunicam e interagem para que sua atuação em sala não venha carregada de intimidação autoritária. Quando o aluno sente proximidade e entendimento por parte do docente, o conhecimento se torna mais acessível. Evite julgamentos. Apresente exemplos do cotidiano. Um professor é também uma “pessoa comum” e ao demonstrar esta faceta pode alcançar espaços mais profundos junto aos alunos.

5. Protagonismo do aluno

Lembre-se sempre que o aluno é o foco de todo processo educacional. Tenha sensibilidade para lidar com o outro, busque aprimorar sua prática e entender o universo da turma. Analise o que é mais eficaz para determinado grupo enquanto estratégia pedagógica. Nunca tenha medo de inovar, ou falhar. O único elemento assustador neste processo é a ideia de permanecer estático ou ser incapaz de alcançar aquele que é a meta de sua profissão: o estudante.

Gostou das dicas? Que tal aplicar algumas destas técnicas em sua aula e nos escrever um email contando os resultados? 

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