Água para mim, fonte de vida sem fim?

Projeto desenvolvido na Escola Adventista de Guará, Brasília, DF
Professora: Bruna de Oliveira Passos Vital – 4º ano
Tempo destinado ao projeto: 16 aulas

1. Conteúdo curricular

  • Medida de capacidade.
  • Operações com números decimais.
  • Estados da água.
  • Mudanças de estados físicos da água.

2. Objetivo geral

Identificar a água como um recurso indispensável à vida e compreender como ocorre sua distribuição no planeta.

3. Objetivos específicos

  • Compreender o conceito de água como elemento vital e social;
  • Identificar os processos de transformação da água;
  • Descrever a importância da água e de seu ciclo;
  • Reconhecer a importância da água no cotidiano;
  • Compreender a importância do uso consciente da água;
  • Perceber o problema da água no cotidiano;
  • Perceber a água como elemento criado por Deus e essencial à vida;
  • Valorizar os recursos tecnológicos como instrumentalização da aprendizagem.

4. Estratégia

Dramatização e produção de texto, gênero textual (folder e notícia).

5. Recursos didáticos

  • Caderno
  • Canetinhas
  • Cartolina
  • Celular, caixa de som, tablet, notebook, projetor
  • Lápis de cor
  • Livro de Ciências e Matemática 4º ano, Casa Publicadora Brasileira
  • Papel

6. Desenvolvimento

O projeto foi desenvolvido sob a luz do método pesquisa–ação, cumprindo os cinco passos da pedagogia histórico-crítica. Além de ser desenvolvido em cinco etapas, esse trabalho teve como diferencial o uso de tecnologias, que facilitou o processo ensino–aprendizagem.

1ª etapa – A maioria dos alunos utiliza diariamente algum tipo de tecnologia, sejam computadores e telas ou outros mecanismos, como o bebedouro da escola, a caneta esferográfica, o caderno impresso, os livros didáticos, a estrutura da escola (pois estão imersos em um mundo tecnológico), etc.

Dessa forma, é emergente não só pensar e refletir, mas experimentar novas formas de ensinar. A pedagogia histórico-crítica assume essa perspectiva, apresentando-se no momento como uma possibilidade para a educação brasileira.

A condição para a realização da pesquisa–ação é a convicção de que a pesquisa e a ação devem andar juntas. Nesse sentido, propõe-se a elaboração de um plano de ação com base em uma problemática identificada pelos estudantes no contexto em que vivem.

Quando esse plano de ação foi proposto, a falta de água era algo muito evidente nas mídias sociais e uma preocupação dos moradores. Em 2016 houve uma crise hídrica no Distrito Federal, e consequentemente períodos de racionamento em algumas regiões administrativas.

Foi explicado aos alunos que fariam uma atividade com elaboração de perguntas e estas seriam respondidas ao longo do processo de aprendizagem. Foram propostas algumas perguntas geradoras, como: “Está acontecendo algo no Distrito Federal?” Todos mencionaram o reservatório do Descoberto. “Isso pode nos afetar?” Eles responderam que sim, pois faltaria água. “Será que podemos fazer algo para evitar esse problema?” A resposta da turma foi que deveriam consumir menos água.

Logo em seguida, foi projetada uma matéria publicada no portal de notícias G1 sobre a capacidade do reservatório do Descoberto. Os alunos ficaram impressionados com o fato de a redução no consumo de água estar acontecendo de maneira tão rápida.

A segunda atividade dessa etapa foi uma tempestade de ideias: em uma cartolina, os alunos escreveram aquilo que eles conheciam sobre a água. A turma foi dividida em grupos. Eles fizeram cartazes que foram expostos em sala. Foi interessante notar, que mesmo sem mencionar a falta de água na pergunta, os alunos demonstraram a preocupação existente.

Na terceira atividade os alunos escreveram em uma folha branca o que eles queriam conhecer sobre a água.

As curiosidades foram expostas em sala de aula. O mural foi dividido ao meio: O que eu sei? O que quero saber? Após o registro, os alunos foram questionados a respeito do que mais gostariam de saber. As respostas foram:

  • A água é suja? Como a água sai limpa da torneira, sem nenhuma bactéria?
  • Quanto de água tem no reservatório?
  • Como a água é feita?
  • Se a água acabar é possível adoçar a água do mar?
  • Por que as pessoas não têm consciência de economizar água?
  • Por que a água refresca a gente?
  • De onde vem a água?
  • Como a água vem da nuvem?
  • Por que água não tem gosto?
  • Para que serve a Caesb?
  • De onde vem a água do Distrito Federal?
  • Como limpam tanta água?
  • Onde a água começa aqui no DF?
  • Qual é o lago que tem mais água no DF?

O encerramento dessa etapa se deu no momento em que os alunos se conscientizaram do problema social apresentado. Eles ficaram entusiasmados ao descobrirem que iriam estudar sobre a água utilizando a tecnologia.

2ª etapa – Nessa etapa algumas questões foram preparadas e colocadas em uma caixa. Os alunos sentaram-se em círculo e à medida que tiravam as perguntas da caixa (aleatoriamente), eles iam respondendo.

  • 1. Como se originou a água na Terra?

Aluno 1: – Por meio da chuva.
Aluno 2: – Deus criou a água quando Ele fez o mar.

  • 2. Como você pode economizar água?

Aluno 1: – Tomando banho de bacia ou na piscina.
Aluno 2: – Não demorando no banho.
Aluno 3: – Não demorando 50 e poucos minutos no banho, como certas pessoas que não sou eu.

  • 3. O que é gelo?

Aluno 1: – Água gelada.
Aluno 2: – Água da torneira que coloca no congelador.
Aluno 3: – Pequenos e belos cubos.

  • 4. Quanto custa a água por mês?

Aluno 1: – 320 reais.
Aluno 2: – Depende do tanto que você gasta.

  • 5. O que é água?

Aluno 1: – Um líquido.
Aluno 2: – Líquido que a gente usa.
Aluno 3: – Água é um líquido importante para todos os seres vivos, porque mata nossa sede e ajuda as plantas a crescer.

  • 6. Por que devemos economizar água?

Aluno 1: – Se a gente não economizar água, a água do mundo vai acabando, e a gente vai ficar sem água pra beber, escovar os dentes, tomar banho, aí a gente vai morrer sujo e com o dente cheio de cárie, e também não vai ser ruim só pra gente, mas pros animais que vão morrer, e vai ficar aquele fedor no mundo, e também para as plantas, que vão morrer.

Essa atividade serviu como um diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema.

3ª etapa – Para iniciar o estudo da matéria e os estados físicos da matéria, solicitamos aos alunos que observassem e falassem tudo o que viam dentro da sala de aula. As respostas foram: mesas, cadeiras, quadros, pessoas, mochilas, cadernos e lápis. Depois, com esses exemplos, a professora lhes explicou que tudo o que eles listaram se caracteriza como matéria. Tudo o que ocupa um espaço e tem existência física é matéria.

A fim de demonstrar os estados físicos da matéria, foram usados: uma madeira, para representar o estado sólido; a água, para representar o estado líquido; e o ar dentro do balão, para representar o estado gasoso. Os alunos puderam manusear todos os objetos e depois assistiram a um vídeo sobre os estados físicos da água.

Para reforçar o conceito, fizeram “geladinho” para perceber a mudança de estado líquido para o sólido. Quando ouviram sobre as propriedades da água, os alunos analisaram a água presente em suas garrafas por meio dos sentidos: visão, tato e olfato.

Justamente no período do projeto, foi noticiada a cobrança de uma taxa extra para aqueles que utilizassem mais do que o volume água permitido, que era de 10.000 m3 litros. Aproveitando isso os alunos estudaram medidas de capacidade e operações com números decimais utilizando a conta de água do mês de setembro. Foram analisados os valores das contas utilizando o método situação–problema.

Uma representante da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) fez uma palestra sobre a importância de se economizar água e também sobre suas funções no Distrito Federal.

Em grupos, os alunos fizeram uma pesquisa sobre formas inovadoras de se economizar água, pois já conheciam as formas convencionais.

A partir dos conhecimentos adquiridos até aqui, foi proposto um fórum no WhatsApp com a seguinte questão: “A água é uma fonte de vida sem fim? Por quê?” O objetivo dessa atividade foi ajudar os alunos a refletir sobre a água como uma fonte que pode acabar. Os alunos que não tinham aparelho celular responderam no caderno.

Da turma, dez alunos responderam ao Fórum:
Aluno 1: – Sim, não sei. Sei lá.
Aluno 2: – Talvez, tá tendo pouca água, por causa do mau consumo das pessoas.
Aluno 3: – Não, não sei.
Aluno 4: – Não, porque a água não é infinita, pois não tem água infinita nos rios e mares, se você tirar tudo acaba.

Aluno 5: – Não, porque ela pode acabar, tem uma certa quantidade de água no mundo.
Aluno 6: – Talvez ela possa acabar um dia porque estamos chegando no racionamento.
Aluno 7: – Não, porque a gente não sabe usar, toma banho demorado aí a água acaba mesmo.
Aluno 8: – Não é sem fim, aqui vai acabar rapidinho.
Aluno 9: – Não, a água que é boa pra gente beber tem pouca.
Aluno 10: – Nada é infinito.

4ª etapa – Nessa etapa, a fim de conscientizar os alunos sobre a importância de economizar a água, conhecer o ciclo, as fases físicas e como utilizá-la da melhor maneira, foi solicitado que eles confeccionassem um folder intitulado: “Água para mim, fonte de vida sem fim”. Os alunos puderam fazer em grupo ou individualmente, usando o computador ou materiais convencionais. Depois, apresentaram para a turma.

5ª etapa – Para finalizar, os alunos criaram um jornal intitulado: Jornal EAG (Escola Adventista do Guará), a fim de demonstrarem e compartilharem tudo o que aprenderam.

A turma foi dividida em cinco grupos: o primeiro foi formado pelos apresentadores do jornal; o segundo, pelos repórteres em casa, que fizeram filmagens sobre maneiras de economizar a água em suas residências; o terceiro, pelos repórteres que entrevistaram professores e funcionários da escola; o quarto, pela parte técnica, gravação e edição de imagens; e o quinto grupo, pela cenografia do jornal.

Vale lembrar que o tema da água foi explorado de diversas maneiras, inclusive usando o vídeo como uma das ferramentas. A tecnologia foi um elemento facilitador do processo de aprendizagem.

Durante as aulas de Artes e Língua Portuguesa foi feita a gravação dos âncoras e entrevistas com membros da comunidade escolar. Os alunos que foram repórteres em casa enviaram o vídeo via WhatsApp no grupo. Para fechar o projeto, os alunos apresentaram para outras turmas as descobertas feitas durante o período de estudo.

As perguntas feitas aos entrevistados foram planejadas com antecedência pelos alunos. Cada um elaborou a sua pergunta voltada à utilização da água e consciente do momento de preocupação que estava vivendo. Algumas questões propostas foram:

“Você está sabendo usar a água? Está economizando? Sabe o que está acontecendo com a água no DF? Você se preocupa? O que você acha que devemos fazer para economizar água? O que você faz para economizar água? O que você acha que as pessoas deveriam fazer para economizar água? Você acha que podemos reutilizar a água da chuva? Como você acha que podemos reutilizar a água? Por que devemos economizar água?”

Os alunos receberam como lembrança do projeto um DVD contendo o jornal e fotos de outras atividades realizadas.

7. Avaliação

A avaliação foi feita no decorrer das atividades, à medida que se via o interesse dos alunos pelo conteúdo estudado. A escolha do tema foi feita pelos alunos. As pesquisas foram realizadas pelos próprios alunos, em conjunto com a apresentação do que foi estudado. Antes da realização do projeto, os alunos tinham total conhecimento de que era preciso economizar água, mas depois do projeto eles souberam porque devemos preservar esse bem precioso criado por Deus.

No processo, muitos alunos já estavam conscientes sobre como economizar e por que economizar a água e já estavam colocando em prática medidas de economia em sua casa.

8. Referências

  • FERREIRA, A. C.; ROMANGNOLI, W. Ciências 4o ano. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014.
  • GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2012.
  • GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. Questões de método na construção da pesquisa em educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
  • LIMA, D. B. M. Tecnologia ajuda a superar os desafios de um novo tempo. CPB Educacional, Tatuí, SP, ano 3, n. 5, p. 38-41, 1o sem. 2016.
  • MELO, J.; RIVAS, S. C.; VELASCO, Z. Matemática 4o ano. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016

Veja também:

Guia prático: Educação Maker

A “cultura maker” coloca as pessoas como protagonistas dos processos de criação, desenvolvimento e fabricação. O objetivo central de implementar uma “educação maker” em escolas

Leia mais